terça-feira, 25 de maio de 2010

Desenhos cidade



Torre de Quintela

Edificada no sopé da serra do Alvão, na freguesia de Vila Marim, pela sua construção assemelha-se a um pequeno baluarte, pois esta é equipada com acessórios defensivos. No entanto, não foi essa a intenção de D. Vasco Fernandes, companheiro de armas de D. Afonso Henriques, quando a mandou construir.

Servia para guardar os bens das propriedades que D. Vasco possuía na região, e de resistência quando aqui se deslocava para caçar e receber as rendas. Com a forma de um prisma quadrangular, mede 21metros de altura, por 12 de largura, tem características de estilo gótico. A porta está do lado, com acesso por escadas.

A meio do terço superior das paredes e nos topos das arestas vêem-se oito plataformas, embelezadas com janelas de balcão e apoiadas em graciosa cachorrada, servindo de suporte aos varandins. Nestes, protegidos por ameias, notam-se as aberturas – “mata-caes “ – por onde se arremessavam pedras ou azeite a ferver sobre os assaltantes.

Residência de D. Alda Vasques, descendente do fundador, são do seu tempo as modificações na construção do edifício e embutidos os balcões dionisíacos. Doada à Ordem dos Hospitalários, após a sua morte, em 1235, foi classificada como monumento nacional em 16 de Junho de 1910.

Igreja de S.Pedro

O aumento demográfico de vila real tornou pequena a vila muralha, levando a população a espalhar-se pelas cercanias procurando a zona mais alta para residir. Os habitantes, que viviam mais afastados, sentiram dificuldade em frequentar os sacramentos na igreja de s. Dinis. Por esse motivo, em 1528, foi construída outra, maior, no lugar onde existia a capela de s. Nicolau. Dedicado a S. Pedro, foi patrocinador D. Pedro de Castro, protonotário apostólico e abade da igreja de S. Salvador de Mouçós.

A fachada, dividida em três segmentos verticais, mostra uma porta, de colunas lisas, fechadas por pilastras concluídas por capitéis compósitos. O conjunto é embelezado pelo brasão pontifício, personificando o padroeiro da igreja. No topo da parte central abre-se um nicho. Este segmento é concluído por uma cruz papal, de três braços horizontais.

Na parte inferior dos segmentos laterais, que contem as torres, abrem-se nichos decorados com elementos curvilíneos. Albergando imagens de santos, as tribunas são rematadas por janelas de frontispício boleado. As torres sineiras são finalizadas com balaustradas.

A capela-mor é iluminada por janelas, com parapeitos revestidos de talha dourada. O tecto, guarnecido por caixotões decorados com relevos dourados, tem ao centro o símbolo de S. Pedro, ladeado por imagens de anjos. A decoração das paredes é enriquecida com painéis de azulejos: um representa a sagrada custódia e o outro é ilustrado com o brasão do mecenas, Domingos Botelho de Afonseca, fidalgo da casa real.

O altar-mor, de estilo neoclássico, é constituído por tribuna com tela pintada, representando Cristo a entregar as chaves da igreja a S. Pedro. Datado de 1933, foi da autoria de António Alves. A igreja está também protegida por um tecto em forma de berço, com cinquenta painéis decorados com figuras de anjos e festões.” Molduras, cornijas e florões em talha barroca, dourada e policromada, limitam os painéis dando à igreja um ambiente de festa”.

Igreja de S.Paulo (Capela Nova)

A primeira pedra do templo foi transportada par ao local, a 22 de Fevereiro de 1639. No ano de 1711 foi sujeita a obras de remodelação.

Pensa-se que o projecto da frontaria barroca seja da autoria de Nicolau Nasoni, se bem que há quem defenda pertencer ao seu discípulo José de Figueiredo Seixas. Abrindo com um pórtico flanqueado por colunas toscanas, tem um óculo a meio da fachada.

O frontão é delimitado, inferiormente, por entablamento arqueado, que pousa nas colunas que dão robustez à frontaria. No centro, um escudo tem escrito: “Tu és Pastor”, referindo a S.Pedro, cuja estatueta pousa no topo da fachada. Dos lados, vêem-se dois anjos, um segurando as chaves e, o outro, o báculo, símbolo episcopal.

A Igreja tem uma abóbada proeminente. A capela-mor, em forma de meia laranja, dourada e azulejada; tinha cinco altares. Ao lado ficava a sacristia, forrada de painéis entalhados, onde se encontra um grande arcaz em castanho sobre o qual pousa um rico friso de talha dourada e algumas imagens. No andar superior fica a casa de despacho, espaçosa e iluminada por janelas viradas para a rua Direita. O coro, com dois órgãos, era iluminado por duas janelas que davam para a rua de S.Paulo.

O retábulo do altar-mor é de feição renascentista e o sacrário está adornado com figuras de anjos.

A torre, com sinos e zimbório, é rematada por uma esfera e cruz pontifical. O relógio tinha o mostrador, com sino que fora transportado para a Capela Nova quando destruída uma das torres da muralha da vila.

Palácio de Mateus

O Palácio de Mateus foi construído na primeira metade do século XVIII, localiza-se a cerca de três km de Vila Real. Sendo um dos mais belos Solares Portugueses, no ano de 2007, foi o único monumento de Trás-os-Montes escolhido para concorrer as “Sete Maravilhas de Portugal”.

António José Botelho de Mourão, morgado de Mateus e da Cumeeira, gostou bastante do trabalho do arquitecto Nicolau Nasoni, na capela de Santa Eulália, na Cumeeira. António José Botelho fez-lhe a encomenda de um projecto para construção do solar, em Mateus.

A fachada divide-se em três sectores, sendo o central recuado. Neste abre-se a porta principal à qual se acede por uma escadaria dupla. Sob as escadas um arco conduz a uma pátio interior, quadrangular. Nos muretes que acompanham a entrada vêem-se esculturas representando a Justiça e a Sabedoria. Em frente, outro arco conduz aos jardins. Em 1961, foi construído defronte do Palácio, um lago. Em 1933 foram desenhados os jardins anexos, mais tarde em 1946, foram ampliados.

Durante os meses de Verão, as instalações do Palácio de Mateus estão abertas ao público.

Igreja do Calvário

A Igreja situa-se na zona mais alta de Vila Real – no topo do monte de S. Sebastião, como o era antigamente. Foi mandada construir no ano de 1680, por volta de 1740/1741 a pequena capela foi ampliada.

O templo tinha uma abóbada assente em três arcos. A capela era azulejada, e acedia-se á mesma por degraus.

No interior, havia um altar com a imagem de Cristo Crucificado. No ano de 1694, a esmola concebida por Margarida Rebelo, ali sepultada, permitiu as obras de ampliação do templo. Tendo custado 1.200$000 reis na altura, o trabalho da ampliação da Igreja, em 1805, ficou com o traço actual.

O Pároco de S. Pedro, em 1759, apoderou-se da Capela e deu ordem para arrombarem a porta. A Ordem 3.ª queixou-se a D. Maria I, conseguindo a posse do templo, por provisão de 6 de Maio de 1759.

Para evitar o constrangimento do sacerdote, o templo foi aumentado em 1820, com a construção da sacristia. Em 1844 foi mudado para a torre o relógio de som rouco. Que pertencia ao convento de S. Francisco.

Para nivelar o chão do adro da Igreja, situada no topo de um alto monte, foi necessário construírem-se muros de suporte, altos e de preço elevado.

No ano de 1923, o relógio da torre lateral foi substituído por outro: moderno, de construção suíça e de repetição. O mostrador, com cerca de 1,10m de diâmetro era de mármore italiano e a numeração romana, foi comprado na casa Andrade de Melo, no Porto.

Em plano inferior, para nascente vê-se o Jardim da Carreira. Para o Norte, está o antigo campo de jogos do Sport Clube de Vila Real. Para o Sul a Capela do Carmo e para o lado Poente, o Pioledo, completamente remodelado e o mercado municipal.

Sé Catedral (Igreja de S.Domingos)

A actual Sé Catedral foi adaptada da antiga igreja do Convento de São Domingos, cuja primeira pedra, de características românicas e góticas, foi colocada a 20 de Novembro de 1421. Extintos os conventos em 1834, foi ocupado pelas forças militares servindo de quartel. Em 1837, um incêndio reduziu-o a escombros, restando as pedras calcinadas, uma porta do séc. XVI e um portão rematado pelo símbolo do patrono S. Domingos, um cão e uma esfera armilar.

Sofrendo alterações, a torre sineira foi levantada em 1742 e, em 1753 remodelada a capela-mor.

A larga e austera fachada principal, com o remate em forma triangular, encimado por uma cruz, está virada para Poente. Um templo composto por três naves, a central evidencia-se por ser mais elevada e é formada por quatro tramos de arcos ogivais. As laterais estão separadas do transepto. Os capitéis, com arcos modelados, revelam “bustos com perfis adoráveis (…) que resumem classes sociais de então” .

O corpo da igreja apresenta uma planta com a forma de cruz, estando dividida em três naves com dois tramos. O topo sul do transepto é embelezado com uma rosácea.

O arco cruzeiro exibe o fuste monolítico mais alto de Portugal.

O altar-mor data de 1940, quando a igreja foi restaurada. Elaborado em talha barroca, mostra características renascentistas.

Tornada Sé Episcopal em 1922, foi classificada como monumento nacional.